terça-feira, 3 de março de 2009

CAINDO A FICHA

Vi a Europa pela primeira vez pela greta da janela do chinês ao lado, toda iluminada. Queria ter visto a África mas ele fechou nessa hora. A viagem foi boba, com um gringo de botas de esquiar do meu lado e o desenho da sininho na telinha. Já na fila de imigração foi diferente: a brasileirada toda junta. Muita puta, antes de mais nada. Com tatuagem no pescoço, Dolce & Gabanna na calcinha, tinha de tudo. Pra elas nada, pra mim uma porrada de perguntas. Cada vez que um oficial passava, era questionado. Finalmente achei minha mochila com a bandeirinha do Brasil e também achei o Marcelo, meu amigo brasuca-portuga, no portão de desembarque.
A saída do aeroporto é como São Paulo, com direito a COBAL e tudo. Fomos direto para São Marcos onde este gajo mora e não via nada demais em lugar nenhum. Sangue frio pra conhecer tudo, inclusive a hospitalidade amável do meu amigo. Mais uma volta de reconhecimento pelo bairro onde trabalha e tudo era tão familiar que parecia um passeio pelo Jabour.
Então posso voltar e te dizer tudo de novo: Vi a Europa pela primeira vez na Boca do Diabo, em cascais. Um enorme buraco no meio das rochas, milenares, onde o mar bate cansado sabendo que ali não tem vez. Vi gaivota, vi turista, vi um mar azul escuro absolutamente imponente. E tudo isso ficará na memória pra sempre. Aliás só nela porque as pilhas compradas aqui nem rolaram com a minha câmera. Nenhuma foto. Seguindo para o lugar onde A Europa é mais brasileira, pois o Cabo da Roca é a ponta do nariz do velho continente embicado pra nossas terras. Nada de foto. Porra, nem uma a máquina deixava. Já eram horas sem dormir e tudo incomodava, principalmente minha cueca que, por estarem todas na mala, era frouxa e descia e subia dentro das calças. Só fui esquece-la depois da primeira cerveja no pub onde um gordo brasileiro meio chato comandava o videokê. Ali conheci mais gente que está tentando a vida como pode, vi a união desta galera, um misto de cadeia com BBB, e vi todos reclamando da crise, numa constante intermitente. Eu era o turista, meio sem sal no meio de tantos como eu que acabou cantando “exagerado” sem sucesso, recebendo palmas burocráticas. Deu saudade da minha banda, dos meus amigos e do colo quente. Mas amanhã novas expectativas: irei a lisboa, já troquei as pilhas e encontrarei muitos turistas mochileiros como eu. Ah, também abandonei a cueca em algum lugar e aderi a umas ceroulas quentinhas. Só assim o saco fica quente e não cheio.
Bairro São Marcos, Portugal.

3 comentários:

Unknown disse...

Incrível como vc faz tudo parecer engraçado, mesmo que olhando friamente tudo pareça um tanto qto assustador...
Saudades de vc moço!

Michelle disse...

Aru você é incrível mesmo, consegue tirar sempre algo de bom em todas as coisas, espero que tenha comprado muuitas pilhas!!! Um beijo grande

Walter Lopes disse...

Estava na Lapa ontem(que estava um fervo!!!) e bateu a saudade.
Não volte c sotaque por favor!!!
Aproveite tudo!!!!
Abraço do Cão Vadio