domingo, 15 de março de 2009

SENTIMENTOS EM SANTIAGO

Uma cidade avisa pra você a hora que você tem que partir. Foi assim em Porto quando acordei e acertei as contas com o portuga mal humorado da pensão. Com uma informação cheguei até uma estação de autocarro prestes a realizar um sonho. Comi uma francezinha, prato típico da cidade e me mandei. Acordei e olhei na placa uma propaganda “Queres un coche?”. Caralho, pela primeira vez eu estava na Espanha.
Como brasileiro tem em todo lugar encontrei um casal aventureiro simpáticos e bonitos na mesma condução que eu. Tive que dar uma zoada por ele estar com a camisa do grêmio e me arrisquei “Bonita a camisa do Boca Juniors”.Ufa, ainda bem que ele riu.
Chegamos em Santiago de Compostela e fui surpreendido por uma cidadezinha dinâmica, agitada. Porra, sempre imaginei santiago uma espécie de mosteiro a céu aberto onde deveriam ter umas velhas te olhando pela fresta da janela. Nada disso. Parecia o centro de Caxias, muito mais bonito claro, com muitos prédios novos e ruas iluminadas. Fui até a porta do hotel que meus novos amigos sulistas estavam e perguntei sobre albergue ou algo assim. A moça não entendeu nada do meu espanhol que tanto treinei enquanto cagava antes de viajar. O curso de 3 meses do yes deve ter sido de espanhol de algum outro lugar, não este aqui. Bateu uma pane quando a moça disse que não tinhas estas acomodações ali, só foda da cidade. Eu estava 3 dias sem tomar banho, dormindo mal, comendo sardinha e não merecia ficar ao relento. Minha mochila só haviam duas mudas de roupa que já estavam suja e tudo que eu trouxe, inclusive o saco de dormir, estava em Lisboa. Mesmo assim acredito nos santos que me protegem, nas orações que a Graça e minha avó terezinha fazem por mim além da minha tia vânia que deve ter orado também por mim. Enchi o peito de ar e o cú na mão e saí por aquelas ruas do bairro velho, que são bem apertadinhas, pronto a perguntar ou pedir alguém que me desse abrigo. No mesmo ponto onde eu havia chegado encontrei uma placa de hostel. Fui disposto a tudo e fui recebido pelo sorriso mais bonito que vi na europa. Uma senhora, fofa, baixinha, com longos cabelos brancos. Um quarto foda, todo cuidado, televisão, cobertas extras, uma sacada com vista linda para a praça e as torres da catedral além de um banheiro todo cheio de babadinhos e sabonete: 20 euros. Comecei a fazer um video da minha alegria e comecei a chorar. Muito, muito. Não porque estava fedendo, mas porque parecia que eu tinha voltado pra casa, que havia alguém que gostava de mim. Pode parecer muito idiota pra quem lê essa porra agora mas talvez poucos saibam o que é estar do outro lado, com roupa suja, corpo sujo, sem transporte pra voltar, bancando tudo isso com seu próprio peito, sem platéia, sem gente pra me achar um coitadinho. Foi emocionante demais, acredite. Quero fazer um adendo também para dizer que sonho em ter uma casa assim, com varanda e uma praça na frente o que contribuiu para o chororô…

Um sentimento que me permito em toda viagem é sair andando sem mapa e ser surpreendido por alguma coisa. Me sinto um esbravador quando dou de cara com um paredão medieval ou como uma ponte. Foi assim quando cheguei ao lado da catedral e pude admirar toda sua magnitude. Uma frente tão grande que era dificil enquadrar na foto. Toda iluminada, a catedral que recebe tantos peregrinos diariamente tem imponência e deixa muitas que vi no chinelo. Não fiquei ali muito tempo e preferi tomar uma cerveza em algum sítio. Na máquina de colocar músicas, mais relaxado mandei um portunhol agressivo e comecei a ser entendido. Depois descobri que na Galícia, região que me encontro, eles falam assim. Fiz amigos logo de primeira. Conheci duas moças lindas, uma publicitária inclusive além de Alfonso , um figuraça noivo da outra tica. Aprendi a comer pipas, semente de girassol com sal, separei briga do Alfonso, bebi e ri muito com a minha dificuldade de falar. O povo espanhol é muito diferente do português e muito parecido com o brasileiro. Fomos no mesmo dia a 3 bares e terminamos numa boate. Também dirigi o carro, ou coche, da galega , levei gente bebada em casa, fui cantado por uma coroa, me pagaram um monte de coisa, enfim, uma puta noitada que tem tudo a ver com aquela cidade viva, cheia de universitários como Porto e gente espontânea e festeira. Nem preciso dizer que tava tudo tão bem que acordei com a tia da pensão batendo na porta. Disse sim pra ela, vou ficar mais um dia aqui. Infelizmente um desencontro me fez não ver esta galera mais uma vez pois marcamos em um lugar e ninguém chegou no horário. Por isso o dia seguinte foi mais calmo. Tive tempo de visitar o tumulo onde supostamente está o santo que, diz a lenda, foi decapitado pelos romanos e trazido la da casa do cacete até aqui. Também comprei coisinhas, como um emblema para costurar na mochila e um chaveiro. Deitei na frente da catredral, vi museus e mesmo naquela noite de novo aquele aviso que to aprendendo a conhecer cochichou no meu ouvido: tá na hora de voltar. Fiz a bolsa, pedi pra senhora me acordar e me mandei de volta para Lisboa que durou um dia inteiro dando muitas paradas, recordando o que passei e me planejando para uma aventura ainda maior. Daqui a 48 horas estarei na capital espanhola, Madrid.
Hasta La vista, Baby

Obs.: You can take one picture, please seu japa?thanks paulinha…
Praça Galícia, Santiago de Compostela. Espanha

Um comentário:

@bolsasdeoncinha disse...

You´re welcome, dear friend...sabia q vc ia precisar disso...agora já sabe pedir pra tirar foto....aliás, belas fotos no orkut, adorei...beijossss