terça-feira, 31 de março de 2009

O COLISEU E OS “ALEMÃO”

Sabia que gostava de espanhol mas não imaginava que iria aprender a me comunicar tão rápido. Porém, depois de quase 10 dias queimando a mufa pra aprender a cambiar, empezar, olvidar, e essas coisas complicadas, um espírito prático tomou conta de mim e, por ora, substituí a camaradagem de outros momentos pelo meu ipod. Estava esgotado e queria dedicar minha energia a tanta informação que a Itália me proporciona. Durante todo o dia conversei somente com brasileiro e uma vez ou outra em inglês, para o básico. Por sorte meus companheiros de quarto eram da terrinha e pude bater um bom papo antes de dormir. Eram 10 da manhã e o garoto aqui já estava de pé, com o lanche na mochila e cheio de energia. Tinha ido meio de qualquer jeito e quando vi a pinta do pessoal visitando os monumentos, fiquei até sem jeito. Eita povo charmoso, caceta. Todo mundo, até o cara do açougue, todo sujo, tem seu charme.

Conheci primeiro o Palatino, grande residência onde o imperador morava. Tinha ginásio, jardins, e abaixo o Circo Máximo, onde havia corridas de bigas e hoje só tem capim.
Pude entender pouca coisa ou quase nada porque não encontrei muitas placas. Mas tá bom, fiquei imaginando como era suntuoso e bem feito, com colunas perfeitas esculpidas à partir de uma pedra e estátuas de mármore super delicadas. Putz, a bateria da câmera acabou. Tinha me preparado pra passar o dia na rua e nem pensar em andar os 5km que me separavam do hostel. Só para constar, esta é uma cam nova pois a minha quebrou na viagem. Encontrei uma por 90 euros e espero não ter estourado o cartão da minha mãe. Mas voltando ao assunto, este entretempo me fez perder uma hora e por isso decidir encarar o coliseu. Desta vez aluguei um audioguide, que é aquele telefonezinho que a pessoa fica escutando informações sobre o lugar. O primeiro impacto é assustador, parecido com entrar no maracanã pela arquibancada. A moça que falava no audioguide não estava falando espanhol como eu pedi e sim italiano, mas pra não ter que reivindicar meus direito em inglês com a organização do lugar decidi seguir adiante e tentar entender. Passei um bom tempo lembrando dos jogos de vídeo game e dos filmes que vi. Russel Crowe toda hora aparecia nas minhas lembranças e foi bem legal mesmo. Mas a primeira chuvinha oficial na Europa tinha que aparecer e veio varrendo tudo. Desci como pude, com ipod, audioguide, câmera e cachecol, tudo embolado. Quando a coisa amenizou voltei a ouvir a gravação do aparelhinho e a mulher que antes devia estar falando espanhol agora falava alemão. Caralho, pensei que tivesse entrado água da chuva ou algo parecido. Catuquei o troço mas ela não parava de falar alemão. Tive então que me arriscar com uma bonitinha em inglês, que pacientemente ensinou pro índio aqui como se mudava a linguagem.

Eram 18h e eu não queria sair de lá de dentro. Fiz de tudo e nunca achava que estavam boas as fotos. É um lugar realmente impressionante e tão imponente que chega a ser amendrontador. Acabei enxotado e decidi otimizar o tempo conhecendo coisas 0800, perto dali. Entrei por um beco, outro, outro e já estava quase na praça alguma coisa, que diziam ser bem legal. Parei pra descansar as pernas e experimentei a primeira coisa que realmente me impressionou gastronomicamente falando. Deus me livre e guarde, eu não sei porque italiano é conhecido pela pizza fazendo um sorvete tão gostoso. Nunca na vida, tinha tomado uma coisa assim e ainda tão em conta. Já estava com a máquina na mão pra fotografar a tal praça, que devia parecer com as tantas outras praças que já vi na Espanha, mas não foi bem isso que aconteceu.

Tinham dois cavalos, sendo domados por dois homens fortes e acima deles um outro barbudo que nem ligava para as centenas de pessoas que estavam aos seus pés. A fontanna Di Trevi, surgiu como um oásis, toda branca, iluminada, uma visão celestial, parecia até que eu tinha visto o papai Noel. Como já imaginava fiquei com os olhos cheios d´água, não só pela beleza do lugar, mas por lembrar que a menos de dois anos esta era uma foto que eu via em preto e branco no meu livro e tinha muitas dúvidas se conseguiria chegar aqui. Chorei sim, mas foi só um pouco, porque tinha muita gente e tive que disputar a tapa um lugar pra sair na foto. Uma mocinha simpática que mora em Milão me ajudou e fomos comparsas por dois segundos. Vi que depois de dois dias sem falar em espanhol ele já estava um pouco arranhando o que me preocupa. Esta é a minha língua oficial na Europa. Como disse uma brazuca no coliseu, o português morreu para o mundo. Mas sim, joguei a moedinha, mais de uma, porque esqueci de gravar o momento. Dizem que a moeda garante que a pessoa volte a fonte, no meu caso, posso até levar acompanhante. A volta foi longa pois me perdi e perdi o mapa e acabei encontrando o Phanteon. Sombrio, com portas de ferro gigantes, deu medo. Tirei uma fotos mas volto amanhã com mais calma.

Depois de quase uma semana, entre ressacas no mar e no bar, finalmente fiz contato com a família e sei que tá tudo bem. Minha afilhada cabeçuda ligou meu videogame sozinha, Graça espera uma ligação minha e a banda truque arranha no reggae. Sinto a energia renovada e pronto pra subir mais um pouco no mapa. Florença, Lugano, Veneza...o que será que me espera?

Ah, impossível não agradecer os comentários tão queridos e carinhosos que as pessoas têm deixado pra mim e ainda os emails que recebo.Valeu pela força rapaziada...

3 comentários:

Raíssa disse...

Emocionante sua descrição ao ver a Fontana di Trevi... Consegui visualizar a cena completamente! Beijão, querido!

Paola Danemberg disse...

Aru,

Já tive essa mesma sensação em uma viagem... Talvez um pouco mais boba ainda, qdo saí do aeroporto e pisei na rua, chorei e pensei: consegui... E inenarravel... Um super beijo, e vamos subindo com voce !!

@bolsasdeoncinha disse...

Podia ter aproveitado melhor as otimas aulas de ingles do 2 grau...rs beijos menino, curta muuuuito mesmo!!