Vi a Europa pela primeira vez pela greta da janela do chinês ao lado, toda iluminada. Queria ter visto a África mas ele fechou nessa hora. A viagem foi boba, com um gringo de botas de esquiar do meu lado e o desenho da sininho na telinha. Já na fila de imigração foi diferente: a brasileirada toda junta. Muita puta, antes de mais nada. Com tatuagem no pescoço, Dolce & Gabanna na calcinha, tinha de tudo. Pra elas nada, pra mim uma porrada de perguntas. Cada vez que um oficial passava, era questionado. Finalmente achei minha mochila com a bandeirinha do Brasil e também achei o Marcelo, meu amigo brasuca-portuga, no portão de desembarque.
A saída do aeroporto é como São Paulo, com direito a COBAL e tudo. Fomos direto para São Marcos onde este gajo mora e não via nada demais em lugar nenhum. Sangue frio pra conhecer tudo, inclusive a hospitalidade amável do meu amigo. Mais uma volta de reconhecimento pelo bairro onde trabalha e tudo era tão familiar que parecia um passeio pelo Jabour.
Então posso voltar e te dizer tudo de novo: Vi a Europa pela primeira vez na Boca do Diabo, em cascais. Um enorme buraco no meio das rochas, milenares, onde o mar bate cansado sabendo que ali não tem vez. Vi gaivota, vi turista, vi um mar azul escuro absolutamente imponente. E tudo isso ficará na memória pra sempre. Aliás só nela porque as pilhas compradas aqui nem rolaram com a minha câmera. Nenhuma foto. Seguindo para o lugar onde A Europa é mais brasileira, pois o Cabo da Roca é a ponta do nariz do velho continente embicado pra nossas terras. Nada de foto. Porra, nem uma a máquina deixava. Já eram horas sem dormir e tudo incomodava, principalmente minha cueca que, por estarem todas na mala, era frouxa e descia e subia dentro das calças. Só fui esquece-la depois da primeira cerveja no pub onde um gordo brasileiro meio chato comandava o videokê. Ali conheci mais gente que está tentando a vida como pode, vi a união desta galera, um misto de cadeia com BBB, e vi todos reclamando da crise, numa constante intermitente. Eu era o turista, meio sem sal no meio de tantos como eu que acabou cantando “exagerado” sem sucesso, recebendo palmas burocráticas. Deu saudade da minha banda, dos meus amigos e do colo quente. Mas amanhã novas expectativas: irei a lisboa, já troquei as pilhas e encontrarei muitos turistas mochileiros como eu. Ah, também abandonei a cueca em algum lugar e aderi a umas ceroulas quentinhas. Só assim o saco fica quente e não cheio.
Bairro São Marcos, Portugal.
3 comentários:
Incrível como vc faz tudo parecer engraçado, mesmo que olhando friamente tudo pareça um tanto qto assustador...
Saudades de vc moço!
Aru você é incrível mesmo, consegue tirar sempre algo de bom em todas as coisas, espero que tenha comprado muuitas pilhas!!! Um beijo grande
Estava na Lapa ontem(que estava um fervo!!!) e bateu a saudade.
Não volte c sotaque por favor!!!
Aproveite tudo!!!!
Abraço do Cão Vadio
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