Moro em um labirinto de salas e quartos mal recortados, onde nem sempre a luz do sol é convidada a entrar. Minha casa, que durante sua existência abrigou um entra e sai de gente, oferecendo jantares a personalidades e abrigo a anônimos, com homens indomáveis que chegavam famintos do ofício da madrugada, cheios de suas histórias barulhentas e fantásticas, hoje esconde três mulheres, cada uma com sua solidão.
Encontro com a mais velha freqüentemente. É frágil, singela e bonita. Nossa conversa, sempre nas rápidas manhãs, varia entre as fofocas da vizinhança e as contas que nunca se pagam. Quando não a encontro na cozinha, está rezando o terço em seu cantinho de mil santos e promessas. É vó-solteira e carrega a responsabilidade de governanta nas costas, fazendo dos afazeres do dia-a-dia, um ocupar contínuo, como um cachorro que tenta em vão morder o próprio rabo.
Já a do meio, vive assombrada pelas seqüelas do destino. Enclausurou-se com suas fobias de gente e assumiu, instintivamente, o papel da lei nesta terra de ninguém. Decide a ordem dos armários, a função das coisas e as marcas que todos irão usar; uma espécie de general sem soldados. Ainda ecoam pelo corredor suas gargalhadas de mulher moça, recém chegada da farra, em uma época que tinha hormônios de sobra e nenhuma responsabilidade.
Todo colorido da casa é de responsabilidade da menor. Inteligente e faminta, ela rompe o silêncio sem milongas, mostrando sua habilidade com o violão sempre que chega uma visita. Seu riso é gostoso porque guarda uma inocência esquecida pelos adultos revelando seus dentinhos separados de leite. Conhece o pai somente da cintura pra cima, através da única foto que tem, mesmo assim, vive uma esperança diária de vê-lo rompendo pela porta, andando com os pés que ela, a cada sonho, imagina de um jeito.
Engana-se quem as acha diferente. São tão unidas, tão peças do mesmo resta-um, que extrapolam a hierarquia tradicional de família. Se chamam de mãe-vó, filha-mãe, neta-filha, sem se preocupar. Abdicaram também do direito de ter cada uma o seu quarto e amontoam-se no mesmo cubículo, onde disputam canal de tv e discutem as diferenças que três gerações distintas têm. Cansadas, acabam adormecendo feito palitos de fósforo, encostando uma a cabeça na outra, talvez para lembrar, mesmo adormecida, que nunca estão sós.
Encontro com a mais velha freqüentemente. É frágil, singela e bonita. Nossa conversa, sempre nas rápidas manhãs, varia entre as fofocas da vizinhança e as contas que nunca se pagam. Quando não a encontro na cozinha, está rezando o terço em seu cantinho de mil santos e promessas. É vó-solteira e carrega a responsabilidade de governanta nas costas, fazendo dos afazeres do dia-a-dia, um ocupar contínuo, como um cachorro que tenta em vão morder o próprio rabo.
Já a do meio, vive assombrada pelas seqüelas do destino. Enclausurou-se com suas fobias de gente e assumiu, instintivamente, o papel da lei nesta terra de ninguém. Decide a ordem dos armários, a função das coisas e as marcas que todos irão usar; uma espécie de general sem soldados. Ainda ecoam pelo corredor suas gargalhadas de mulher moça, recém chegada da farra, em uma época que tinha hormônios de sobra e nenhuma responsabilidade.
Todo colorido da casa é de responsabilidade da menor. Inteligente e faminta, ela rompe o silêncio sem milongas, mostrando sua habilidade com o violão sempre que chega uma visita. Seu riso é gostoso porque guarda uma inocência esquecida pelos adultos revelando seus dentinhos separados de leite. Conhece o pai somente da cintura pra cima, através da única foto que tem, mesmo assim, vive uma esperança diária de vê-lo rompendo pela porta, andando com os pés que ela, a cada sonho, imagina de um jeito.
Engana-se quem as acha diferente. São tão unidas, tão peças do mesmo resta-um, que extrapolam a hierarquia tradicional de família. Se chamam de mãe-vó, filha-mãe, neta-filha, sem se preocupar. Abdicaram também do direito de ter cada uma o seu quarto e amontoam-se no mesmo cubículo, onde disputam canal de tv e discutem as diferenças que três gerações distintas têm. Cansadas, acabam adormecendo feito palitos de fósforo, encostando uma a cabeça na outra, talvez para lembrar, mesmo adormecida, que nunca estão sós.
11 comentários:
Haaaaaaaaa... q lindas!
Confesso de deu uma dorzinha de ler essa história! :/
Talvez de alguma maneira eu entenda exatamente a "solidão" de cada uma delas e me identifique!
"Bendito és o fruto!"
O 701 tb é uma casa, não de 7, mas de 4 mulheres! hehehe
Bom fds pra vc!
E que venha a próxima quinta-feira!
;)
Ps: confesso que me senti meio órfã na última semana, sem sua crônica de quinta!
Bjinhusssssssssss
Me emocionei!
engraçado...eu tenho a impressao de que ja estive la, sabe. td parece mto proximo pra mim. acho q é seu jeito de contar historias...
eu e a luna.
mt bom texto. Gostei mesmo.
parabéns!
bjundas,
Adorei! Muito bonita..
Bjs
Jana
Gostei mto dessa tb!! Só poderia ficar melhor se vc contasse um pouquinho mais dos sonhos, rotina e frustrações de cada uma. Daria com certeza uma mistura de graça e desgraça. Pense nisso e aproveite sua destreza, meu amigo! Aposto que vc faria um ótimo texto, tão bom qto os anteriores!! E seus leitores iriam se identificar ainda mais com a vida dessas moças.
Beijos!!! TJNP!!
Lindo texto! Não sei se fico feliz por ter o prazer de conhecer sua casa e as três mulheres e assim ter sido apresentando mais um pouco à elas ou se invejo aqueles que se divertem imaginando como tudo é. Final do mês, estarei ae!!
Abraços!
Lindo!!! Nem sei o que dizer, já q conheço bem essas solitárias e suas histórias. Emocionante. Bjos.
Visitar o blog da amiga Juliana mais conhecida como JU PRETA
é uma ótima idéia.
bjs
Oi,
Adorei!!!
Isso tudo me lembra muito a minha própria casa. Rsrsrs...
Saudades...Beijos da mosquinha da vadiagem.
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