terça-feira, 4 de agosto de 2015

VAMOS EMBORA PARA BOGOTÁ...

Quando deixei minha avó com olhos marejados por me ver partir na semana de seu aniversário de 80 anos, compreendi finalmente que esta seria uma viagem de dentro para fora. Depois de alguns anos experimentando a companhia deliciosa da Juliana e depois de voltar no tempo, indo para Cuba, finalmente estava com a mochila nas costas novamente, com roteiros e mapas. Mas diferente do que todos sabem nao viajei sozinho.
Para me acompanhar em Bogotá trouxe meu amigo Gabo, que me fez sentir o sabor ácido, doce, dourado e salgado da Colombia através dos livros. Disse para meu avô uma vez que os mortos me encontram no metro, pois reconheco rostos do passado, quase toda semana, no meio da multidao. Foi o que me aconteceu na conexao no Panamá, onde me vi desmontado por Cristován, um elegantissimo senhor, com seu bigode grisalho e uma bengala que, de tao bem encaixada com sua personalidade, parecia uma extensao dele mesmo. Nao conheci Gabriel Garcia Marques mas acho que se o encontrasse no aeroporto ele seria Cristóvan, com suas piadas de salao e uma fala pausada capaz de conseguir a atencao do mundo.
Com pouco menos de 24h em Bogota, ja visitei a metade de seus principais pontos turisticos, sendo que nenhum deles mereceu mais que meia duzia de fotos. Como gosto de tecer teorias sem qualquer embasamento teórico, acho que a Colombia , enquanto todos estavam amadurecendo para o turismo, ainda sofria com a guerra do narcotrafico. Agora corre contra o tempo. A Candelária, bairro alternativo, muito parecido com a Lapa no Rio, com o Pelorinho na Bahia ou com o Bairro Alto em Lisboa, tem sua beleza, com casa antigas, telas de grafite enormes em todas as partes e uma multidao de estudantes com seus seus olhares inocentes pro futuro. O Museu do Ouro tem tanto ouro, tanto ouro, que depois do segundo andar voce ja nao é capaz de diferenciar o que viu. Achei bacana os aderecos que as tribos andinas usavam e o nivel de detalhes que eram capazes de fazer em uma epoca primitiva com uma rocha tao resistente. Mas foi só. Ainda falando sobre turismo, Monserrat, a montanha com uma igreja que fica a mais de 3mil metro de altitude, me desafiou com seu teleferico quase em diagonal e tem uma vista incrivel para uma cidade cinza, chuvosa e feia.  Pausa para um auto elogio: o soroche, efeito colateral da altitude que fez minha Jujubinha murchar na vez passada, sequer fez cosquinha em mim.
Desconfio que as tantas tonalidades que Gabo tenta me mostrar em seu livro parte das pessoas e nao dos objetos. Os colombianos sao muito parecidos com os brasileiros. Possuem uma mistura indigena-negra-européia capaz de fabricar gente bonita, mesmo escondidas dentro de casacos e cachecois. Diferente da simpatia desesperada dos cubanos, sao plácidos e nos olham nos olhos. Buena gente!
Estou aproveitando os dias para treinar o espanhol que aqui nao surpreendeu ninguem. Alias quase ninguem. Um belga gago que tentava falar comigo logo na chegada tenho certeza que invejou minha fluencia. Para completar as ruas sao todas orientadas por numeros e as casas do bairro onde fica meu hostel sao todas iguais. Hoje vou repertir a noite de ontem. Tomar uma cerveja no hostel, ler a biografia do meu escritor favorito e aproveitar para organizar os pensamentos. Ah, isso se o gordo ingles que dorme na cama de baixo deixar. Aquilo nao foi ronco, foi turbulencia no beliche.


obs.: O teclado daqui nao coloca alguns acentos entao vai rolar assim ate o final da viagem.




Um comentário:

J.D disse...

Que sorte, não ter ficado com soroche!!! Estou orgulhosa por ter vencido o medo e encarado a altura do teleférico. Encantada, por poder enxergar a viagem, através dos seus olhos morenos! Curta a viagem aprendiz de Gabito!Beijos