sexta-feira, 7 de agosto de 2015

TE FAZ PENSAR E TE FAZ SENTIR

Contando agora, depois de me espichar no sofa vendo TV, tomando uma coca cola e usando chinelo, Bogota ate pareceu uma historia distante. De anteontem para hoje tudo mudou. O segundo dia na capital surpreendeu com a luz do sol trazendo um pouco de cor as montanhas. Tive que abrir mao de conhecer a catedral de Zipaquira, toda em sal, contruida pelos mineiros devotos. Fui caminhar pelo bairro rico para almocar no restaurante-bar mais foda que ja conheci. Sao 3 andares que se dividem entre ceu, purgatorio e inferno, caprichosamente decorado. Do cardapio, que se leva para casa gratuitamente, a recepcao feita por musicos e palhacos, tudo muito bem calculado para impressionar. Quem conhecer o responsavel por essa facanha, aperte a mao do sujeito por favor. Andres carne de Res e a melhor coisa de Bogota. 

Um oculos novo e uma camisa azul. Foram essas minhas compras na cidade. Se por um lado os colombianos foram tao criativos na confeccao de livros e joias, deixaram a desejar no presentinhos que lembram a cidade. Na verdade o que deu vontade mesmo de levar para casa foram todos os quadros do Botero em seu museu. Seus gordinhos meio zarolhas bem que poderiam ser transformados em brindes do Mc Donald tamanha sua simpatia. Em tempos de cirurgia bariatrica, os quadros do pintor sao um verdadeiro ode a fofura alheia. Fiquei horas tirando foto e olhando de perto cada pincelada. Haviam tambem quadros de outros artistas incluindo de Picasso e Monet.

Me sentia tres vezes mais cansado por algo que esqueci de explicar. Cada vez que saio do hostel me perco. De um lado um sistema de estradas e ruas todas reconhecidas por numero, de outro eu que fujo da matematica ate na hora de decorar o nome do onibus. Por isso, cada passeio se tornava maior na medida que dava voltas e mais voltas no quarteirao ate encontrar. 

Aguardei no hostel a hora de pegar o onibus e ja na rodoviaria comprei um pao com bife dentro, que horas depois joguei fora com medo de comer. Com um mes de antecedencia reservei pela internet um lugar na janela de frente para o DVD para que a viagem ate Medellin fosse agradavel. Mas no meio do caminho havia um Bogotenho chamado Gali que roubou meu lugar. Vindo de um criminalista ate que era simpatico. Passamos a noite conversando sobre amenidades. Perguntei para ele sobre o periodo do narcotrafico mas percebi que ele, como todos os outros, evitam falar sobre o assunto. 

Tive uma grande expectativa por Medellin, justamente por ser um lugar que aparentemente nao tem nada especial. Mas como disse no post anterior nao viajei sozinho. Se em Bogota Gabriel Garcia Marques me fazia companhia, aqui um outro amigo chamado Juan Pablo Escobar me espera. 
A primeira impressao que tive da cidade me divertiu. Medellin parece a Zona Oeste, mais exatamente Bangu. Cercada de montanhas, quente, com camelos tomando a calcada para vender de tudo. Definitivamente o turismo aqui fica em segundo lugar. Meu hostel fica longe do centro, em um bairro meio Barra da Tijuca e tenho que pegar transporte. Deixei as coisas no hostel, que mais uma vez estava tomado de europeus que andam entre si e nao se importam em conhecer gente, e fui para o Centro. Depois de rodar pelas ruas esburacadas, com suburbanos colombianos, decidi que ainda nao estava preparado suficiente para passear por ali. Era muita informacao. Entao, aproveitei que ainda eram meio dia e tomei um onibus e fui para o interior conhecer El Penol. 

Entre lindos vales houve a necessidade de criar uma represa para abastecer a Antioquia e a decisao foi simples. Vaza todo mundo que a gente vai encher de agua. Uma cidade inteira esta debaixo d\agua e uma outra cidade, por cima das montanhas foi contruida. Tudo isso seria simples se no local nao houvesse uma enorme pedra, maior que o pao de acucar, com 700 e poucos degraus onde se tem uma vista fantastica e uma brisa deliciosa. Fiquei por la muitas horas e, se na subida para o monte que da acesso a pedra fui de tuc tuc, aquelas motos equipadas para carregar 3 pessoas.na descida fui a pe, curtindo o visual e raro silencio que se fez depois da ida dos onibus de turismo. A buceta, microonibus daqui me esperava, e encarei de pe a viagem de volta. 

Nestas 24h em Medellin ja carrego varias coisas comigo, como girias tipo `timba` `bacan`, casas todas no tijolo, ate as mais abastadas e um metro limpo e gentil, que explica os pontos turisticos proximos, Ainda refletindo sobre a diferenca entre as duas cidades, seria simplista dizer que sao como o Rio de Sao Paulo. Para mim Bogota te faz pensar e Medellin te faz sentir. 

Um comentário:

J.D disse...

A tempos não aparecia por aqui...
E fico feliz de poder desfrutar um pouco de sua viagem, através de suas mãos, já que agora não somos mais companheiros de viagem, e sim de descobertas. Sua escrita perfeitamente detalhada, provoca ansiedade em mim. Feliz por suas novas descobertas!!! Continue escrevendo... :*