quinta-feira, 5 de junho de 2008

ENCRUZILHADAS

Por Talita Balaroti

"Tu é pra mim o inesperado. E o inesperado nega a razão, nega a experiência, nega a inteligência. E os erros inesperados são as evoluções provocadas por uma alma imoral. Uma alma que busca libertação, que trai expectativas e transgride as morais do corpo".


Se não fosse a certeza de que aqueles dias no Rio, escureceriam a sua pele, renovariam seu humor e apertariam sua conta bancária, não teria ido.
Uma desculpa esfarrapada no trabalho, duas ligações a longa distância. Eram três da tarde e já estava andando vendo o arpoador. Tava inteira. E só se sentia inteira quando questionava, quando tinha dúvidas. Lembrou: é sempre na minha sutileza que deixo a dúvida se instalar. Parou novamente, recordou de quando discutiu isso com um amigo que já fora seu amante: a dúvida se instalar ou a certeza pregar?
Sabia que naquela noite acabaria na Lapa. Melhor lugar não há, diria D2. Democráticos.
Estava ainda com o biquíni de praia por baixo da roupa curta, afinal, nada melhor para esquecer a melancolia dos dias frios da capital do sul.

Suava em bicas, e dançava, e dançava. Um Moreno lindo tirou seu ar, mais do que toda a dança daquela noite. Pesou: tudo começa com a admiração que desperta o desejo, ou seria o desejo que gera a admiração? Já carregava naquele primeiro olhar: cobiça, ciúmes, inveja, admiração e desejo. Porque para ela, esses tornados nunca caminharam separados.
Suaram juntos. Tomaram café da manhã e falaram de trabalho, e ela levou pro sul a cor preta e vermelha desse Filho de Exú. E se infestou de sua astúcia, sua vaidade, sua indecência. Orixá do movimento teve o poder de fazer o acerto virar erro, e o erro virar acerto. E foi assim que ele a libertou.

Um comentário:

Vic Lutterbach disse...

Que sexy!

=)

Beijos e bom findi.