Toda mulher gosta de poder
Poder ficar diante do espelho
Pintar, unha, pêlos e cabelo
Mas dizer que estão sempre pra fazer
Porque toda mulher gosta de poder
Poder rachar conta de motel
e ser uma amante fiel
mas ter um amigo pra poder lhe socorrer
porque toda mulher gosta de poder
Toda mulher gosta de poder
Poder tomar chopp com as amigas
e ficar bem longe das intrigas
mas saber tudo que passa na TV
Porque toda mulher gosta de poder
Poder se livrar da TPM
poder se encher de gel e creme
pra dizer que está linda de morrer
Porque toda mulher gosta de poder
Toda mulher gosta de poder
Poder dormir só de calcinha
Poder se vestir de menininha
e dizer que o bonito é pra se ver
porque toda mulher gosta de poder
Poder escolher o cara certo
mas gostar do cara mais esperto
elas gostam de se contradizer
Porque toda mulher gosta de poder
Toda mulher gosta de poder
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
O ANO QUE FICOU PRA LÁ
O ano que ficou pra lá começou com uma pilha de roupas na sala que finalmente tive coragem de abandonar. Quando elas caíram do armário embolando-se no chão foi o sinal. Eu realmente deveria me despir de coisas do passado se quisesse começar um novo ano.
Comecei pelas camisas velhas, que muitas visitas já usaram para dormir, e pelas amizades, que já sofreram inúmeras lavagens. Depois de meia vida sofrendo para reunir pessoas que fizeram parte da minha história, escondendo um medo de perder as referências de quem eu sou, finalmente organizei os arquivos, privatizei o sistema e instalei uma balança que não mede o tempo de convívio e sim sua intensidade. Saem amigos que trocam cumplicidade por um porta-retrato e entram camaradas que vão explorar o mundo e me carregam na mala.
As metas profissionais também ganharam nova roupagem, principalmente depois do final de uma relação sem tesão com a agência que ajudei a tocar por dois anos. Culpa da profissão, nada mais, que necessita injetar adrenalina na tinta da caneta para os títulos realmente saírem com emoção. Reunidos os cacos e algumas peças do portifólio saí com o fôlego de estagiário, relembrado pela página da agenda de 2001 emoldurada na parede, disposto a reconquistar uma nova vaga no mercado. 24h depois eu estava empregado e fortalecido da minha capacidade de fazer o que gosto.
Falando em preferência salvei da trouxa a camisa que mais gosto de vestir ultimamente. Mesmo suada de tantos ensaios de madrugada e discussões desnecessárias por egos exacerbados, minha banda foi responsável pelas maiores alegrias que tive, me proporcionando um aprendizado técnico e pessoal de convívio e aceitação das diferenças. Através dela me tornei da noite pro dia um cantor e até hoje me surpreendo com elogios de gente que dedica a sua vida a fazer isso.
O ano que ficou pra lá foi marcado pela instabilidade de um náufrago em plena calmaria. O amor até mandou suas marolas mas nada que me fizesse enxergar terra à vista. No meio da imensidão azul, sem tubarões ou sereias, pude curtir minhas particularidades e conhecer cada ruga e cutícula da minha alma. Foi um ano que finalmente aprendi a boiar e descobri que melhor que tentar dominar o mundo é deixar que ele te empurre.
No entanto outras coisas permaneceram-se intactas como as camisas do flamengo que eu não ouso tirar do armário. O carro é o mesmo. Os quilos também. Nenhuma doença nem morte por perto. Continuo saindo segunda, usando costeleta, jogando vídeo-game e ouvindo que pareço o Rogério Flausino. Razoável para quem acredita que a nostalgia seja o primeiro sintoma da velhice.
Terminada a separação das peças, parto finalmente para a lavagem da roupa suja mas antes salvo do bolso das calças os confetes do melhor carnaval que já tive, os tickets não trocados por cerveja no west show, os conselhos da primeira e única mulher que fui apenas amigo, o orgulho de me ver espelhado nas atitudes da minha afilhada e finalmente as novas metas escritas em um guardanapo, que irei entregar ao mar em uma oração silenciosa e sincera com os pés molhados. Mas não antes de curtir o o eco deste armário quase vazio e sonhar com as mil coisas que poderão morar nele.
Comecei pelas camisas velhas, que muitas visitas já usaram para dormir, e pelas amizades, que já sofreram inúmeras lavagens. Depois de meia vida sofrendo para reunir pessoas que fizeram parte da minha história, escondendo um medo de perder as referências de quem eu sou, finalmente organizei os arquivos, privatizei o sistema e instalei uma balança que não mede o tempo de convívio e sim sua intensidade. Saem amigos que trocam cumplicidade por um porta-retrato e entram camaradas que vão explorar o mundo e me carregam na mala.
As metas profissionais também ganharam nova roupagem, principalmente depois do final de uma relação sem tesão com a agência que ajudei a tocar por dois anos. Culpa da profissão, nada mais, que necessita injetar adrenalina na tinta da caneta para os títulos realmente saírem com emoção. Reunidos os cacos e algumas peças do portifólio saí com o fôlego de estagiário, relembrado pela página da agenda de 2001 emoldurada na parede, disposto a reconquistar uma nova vaga no mercado. 24h depois eu estava empregado e fortalecido da minha capacidade de fazer o que gosto.
Falando em preferência salvei da trouxa a camisa que mais gosto de vestir ultimamente. Mesmo suada de tantos ensaios de madrugada e discussões desnecessárias por egos exacerbados, minha banda foi responsável pelas maiores alegrias que tive, me proporcionando um aprendizado técnico e pessoal de convívio e aceitação das diferenças. Através dela me tornei da noite pro dia um cantor e até hoje me surpreendo com elogios de gente que dedica a sua vida a fazer isso.
O ano que ficou pra lá foi marcado pela instabilidade de um náufrago em plena calmaria. O amor até mandou suas marolas mas nada que me fizesse enxergar terra à vista. No meio da imensidão azul, sem tubarões ou sereias, pude curtir minhas particularidades e conhecer cada ruga e cutícula da minha alma. Foi um ano que finalmente aprendi a boiar e descobri que melhor que tentar dominar o mundo é deixar que ele te empurre.
No entanto outras coisas permaneceram-se intactas como as camisas do flamengo que eu não ouso tirar do armário. O carro é o mesmo. Os quilos também. Nenhuma doença nem morte por perto. Continuo saindo segunda, usando costeleta, jogando vídeo-game e ouvindo que pareço o Rogério Flausino. Razoável para quem acredita que a nostalgia seja o primeiro sintoma da velhice.
Terminada a separação das peças, parto finalmente para a lavagem da roupa suja mas antes salvo do bolso das calças os confetes do melhor carnaval que já tive, os tickets não trocados por cerveja no west show, os conselhos da primeira e única mulher que fui apenas amigo, o orgulho de me ver espelhado nas atitudes da minha afilhada e finalmente as novas metas escritas em um guardanapo, que irei entregar ao mar em uma oração silenciosa e sincera com os pés molhados. Mas não antes de curtir o o eco deste armário quase vazio e sonhar com as mil coisas que poderão morar nele.
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